terça-feira, novembro 28, 2006

Paris, je t'aime

Quem sai à rua numa noite de temporal? E troca o aconchego do sofá e a companhia da televisão pela chuva e ventania que se fazem sentir lá fora? Só alguém louco, como EU... Digo-vos que valeu o esforço. Querem provas??? Aqui ficam as coordenadas: cinema King (à Avenida de Roma) e um bilhete para o filme Paris Je t'aime. Vejam, opinem e digam qual a vossa história preferida... Gostei sobretudo da primeira, do cego e da americana em Paris. Curiosos?!?!?!


Não resisto à tentação e levanto uma ponta do véu numa tentativa de aguçar o apetite aos mais renitentes. Paris é a cidade do amor, sedutora e romântica por excelência. Paris je t'aime é um filme sobre a Cidade-Luz, uma história de amor, uma visita guiada pelas diferentes ópticas de alguns dos mais aclamados realizadores da actualidade como Gérard Depardieu, Gus Van Stan, Walter Salles, Joel e Ethan Cohen, entre muitos outros. O desafio consistia em contar, numa curta-metragem, uma história ambientada num dos bairros de Paris, revelando o seu fascínio naquela que é tida como a cidade mais romântica do mundo. Esta pluralidade artística resultou num caleidoscópio de histórias sobre alegria, separação, inesperados e estranhos encontros e, sobretudo, sobre o amor, nem sempre com um final feliz. O elenco é notável e internacional, contando com nomes como Natalie Portman, Elijah Wood, Nick Nolte, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Emily Mortimer, Marianne Faithfull, entre muitos outros. 22 histórias diferentes constituem a película, cujos vários segmentos foram baptizados com o nome do bairro em que se passam, constituindo as várias partes de um todo. Uma homenagem a Paris com toda a pompa e circunstância. Uma cidade fascinante onde o glamour reina, que todos deviam visitar nem que fosse uma vez na vida...


Aiii, aiii e depois de um filme destes... Quem é que não ficou com vontade de ir a Paris??? Não vejo a hora de regressar. Digamos que na pré-adolescência, os encantos daquela cidade me passaram completamente ao lado; a minha mente só pensava na Eurodisney e só tinha olhos para Mickeys e Minnies. Se o tempo voltasse para trás...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Momento natalício #1

Já cheira a Natal! Não resisti e aqui ficam algumas fotos das decorações natalícias de um dos antros de consumo da Grande Lisboa: Centro Comercial Vasco da Gama junto à Estação do Oriente.

Espero que tenham gostado deste momento natalício. Estamos a menos de um mês de receber a visita do Pai Natal, obaaaa! Até lá, assim que possível, brindo-vos com mais fotos de decorações natalícias espalhadas pela 'minha' cidade e arredores...

O Perfume - História de um Assassino

Mais um livro que ganhou vida na sétima arte: O Perfume, o best-seller mundial de Patrick Süskind, adaptado por Tom Tykwer.
Uma história de morte e obsessão, protagonizada por Jean-Baptiste Grenouille (Ben Wisham), um homem terrivelmente só, na França do século XVIII. Desde cedo, o seu sentido olfactivo bastante refinado destaca-se e leva-o como aprendiz à perfumaria de Giuseppe Baldini (Dustin Hoffman), ultrapassando-o rapidamente na arte de misturar essências, que se tornam a sua obsessão e o afastam da companhia de outros seres humanos. A ideia de preservar os aromas humanos domina-o, assassinando, sem escrúpulos, jovens mulheres cujo cheiro peculiar o atrai. Até que encontra a bela Laura (Rachel Hurd-Wood) que possui uma espécie de essência sobrenatural, dando início a um verdadeiro jogo de gato e rato entre o amor fraternal e a paixão mortal…
Posso dizer que, ao assistir ao filme, fiquei com imensa vontade de ler o livro, um complemento perfeito dado que deve ser mais rico em termos de descrições olfactivas. Transformar os cheiros - tema central do romance - em imagens não é tarefa fácil; daí que o cineasta tenha optado por focar o carácter universal da história: um homem terrivelmente só que luta com o stress de ter de se promover e impressionar os outros. Um tema que assenta como uma luva na sociedade contemporânea e com o qual nos podemos identificar secretamente.

quinta-feira, novembro 23, 2006

The departed

... é o último filme de Martin Scorcese, baseado em 'Internal Affairs' (2002) - blockbuster de Hong Kong -, com um elenco de luxo: Leonardo DiCaprio, Jack Nicholson, Matt Damon e Mark Wahlberg. Um confronto entre a máfia irlandesa e a polícia de Boston em que a tensão e a violência estão omnipresentes. Dois espiões infiltrados: um que pertence ao grupo dos criminosos e outro que integra o departamento de polícia, participando ambos numa rede de intrigas, traições e mentiras em que a honra e a ética ficam de lado. Neste jogo de 'quem é quem', a linha que separa o Bem e o Mal torna-se bastante ténue. Embora num papel totalmente secundário, Martin Scorcese não deixou de incluir um elemento feminino: Vera Farmiga, no papel de uma psiquiatra que se relaciona pessoal e profissionalmente com alguns personagens.
Ao longo de mais de duas horas e meia de filme, as reviravoltas são mais que muitas e o interesse mantém-se até ao final (in)esperado. A fotografia de Michael Ballhaus merece destaque ao enriquecer o filme com uma cor sombreada, reforçando a ideia de ambiguidade e perversidade das personagens. Com temas de Rolling Stones, Pink Floyd e John Lennon, a banda-sonora é a cereja no topo do bolo, dando uma ajuda preciosa neste retrato amoral do mundo do crime, uma temática recorrente na filmografia do realizador.
Simplesmente genial... É o que se pode dizer de um filme com uma história consistente e forte, que nos coloca em constante sobressalto e ansiosos por descobrir o destino das suas personagens. Jack Nicholson representa o vilão perfeito, Frank Costello: «I don't wanna be a product of my environment, I want my environment to be a product of me.».
The departed promete ficar para a História como uma obra-prima da sétima arte e quem sabe tenha chegado a hora da consagração de Martin Scorcese pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood com o tão merecido Óscar, que lhe escapou de todas as vezes que esteve nomeado. A ver vamos...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Step up

O La Luna foi à ante estreia do filme Step up*. Não sabia nada sobre a história ou até mesmo os actores: completamente às cegas.
Realizado por Anne Fletcher, Step up conta com as interpretações de Channing Tatum e Jenna Dewan nos principais papéis a juntar a um elenco de estreantes multi-facetados e talentosos. É o típico filme para comer pipocas, que passará na televisão num domingo à tarde. A história não é nova, mostrando dois mundos diferentes: Tyler Gage (Channing Tatum) é um jovem rebelde do lado errado das ruas de Baltimore, que deseja ardentemente sair de onde vive e lutar para ser alguém, e Nora (Jenna Dewan) é uma privilegiada bailarina de uma escola de artes de elite. Estes dois mundos não podiam ser mais controversos, mas, quando os seus destinos se cruzam, é despoletado um conto de fadas ao ritmo do hip-hop, sobre a tentativa única na vida de tornar realidade um sonho improvável. Todos merecem uma hipótese de conseguir os seus sonhos, mas algumas pessoas apenas têm uma única oportunidade.
Step up é uma enérgica história de transcendência conduzida ao ritmo da música e da dança. O ritmo, as coreografias e os bailarinos encantam os espectadores, tendo como pano de fundo uma mensagem positiva, de esperança.


* Johnny e Lipa, obrigadaaa pelo convite.

sábado, novembro 18, 2006

O Diabo veste Prada

Nos últimos tempos, têm sido muitos os livros a ganhar vida no grande ecrã, tal como The Devil wears Prada (2003), o primeiro romance de Lauren Weisberger, um enorme sucesso de vendas. A adaptação cinematográfica foi levada a cabo por David Frankel, que realizou alguns episódios d' O Sexo e a Cidade.
Como ainda não li o livro, não posso estabelecer qualquer tipo de comparação ou identificar os pormenores que escaparam ou, por alguma razão, não mereceram o devido destaque no filme.

Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jornalista cheia de sonhos e ilusões, recém licenciada, que o destino quis pôr à prova ao arranjar um emprego de sonho - ser a segunda assistente da implacável Miranda Priestly (Merly Streep), a mão de ferro da Runaway, a revista de moda mais importante do mundo. Os abusos de poder da sua superior são excessivos e típicos de alguém que se considera o supra sumo ao cimo da Terra, fazendo-lhe a vida negra ao atribuir tarefas que pouco têm a ver com a revista. Valerá a pena trabalhar para um Diabo que veste Prada? Estará disposta a enfrentar tudo e todos para subir na carreira?
Não é tarefa fácil encontrar e manter uma assistente competente. Andy é completamente errada para o lugar, mas tem algo que nenhuma das outras tinha: determinação e recusa em falhar, nem que para isso tenha de se modificar à imagem de Miranda. Qual conto de fadas, o patinho feio transforma-se numa mulher de sonho. Um bom corte de cabelo, a maquilhagem perfeita e um guarda-roupa fashion fazem maravilhas... Voilà, um novo look, uma nova Andrea que, aos poucos, conquista a gélida Miranda com muito esforço e empenho, abdicando muitas vezes da sua vida pessoal: o namorado e os amigos de sempre.
"Oh don't be silly - EVERYONE wants this. Everyone wants to be *US*" - e o (im)possível acontece: Andrea torna-se uma fashion victim e é promovida a primeira assistente, merecendo o voto de confiança de Miranda. No entanto, este tão desejado sucesso profissional não deixa de ter um sabor amargo uma vez que a sua vida pessoal está por um fio. Quem esteve sempre do seu lado, não reconhece a "velha" Andrea no seu novo estilo de vida. O mundo do trabalho mudou-a para (muito) melhor, implicando muitos sacríficios. Será este novo mundo mais importante do que aquilo que sempre a rodeou e fez feliz !? De que vale o sucesso se depois não temos com quem o partilhar!?

Para embarcar nesta viagem ao mundo da moda com todas as suas qualidades e defeitos, dirigam-se à sala de cinema mais próxima e vejam o filme. Não se vão arrepender, muito pelo contrário. Merly Streep brinda-nos com uma interpretação fora de série, conseguindo que o espectador fique com um ódio de morte à sua personagem. O guarda-roupa dá vida ao ecrã com as suas cores e glamour: é fantástico (contentava-me com metade, lol). A banda sonora é magnífica, dinamizando bastante o filme com temas muito apropriados às diferentes cenas. Chefes como Miranda não faltam no mundo (cão) do trabalho; se não os conseguimos vencer, só temos de nos juntar a eles... "That's all"...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Um ano especial

Uma estreia da semana que merece destaque. Uma história encantadora e envolvente que mistura o drama e a comédia.
Seis anos depois do sucesso d' O Gladiador, Russel Crowe e o realizador Ridley Scott voltam a juntar-se num filme comovente, leve e charmoso.
Um ano especial conta a história de Max Skinner (Russell Crowe), perito em investimentos na Bolsa de Valores de Londres, que muda inesperadamente de vida depois da morte de um tio ao herdar uma propriedade rústica com vinhas, situada no coração da Provença, em França, decidindo vendê-la o mais depressa possível. Contudo, quando chega ao local deixa-se levar pelas memórias dos momentos de infância passados com o tio. Aos poucos, Max começa a sentir-se atraído por tudo o que o rodeia: a paisagem e o ambiente encantador, uma misteriosa mulher que conhece ocasionalmente e uma bela jovem proveniente da Califórnia, que chega para reclamar a sua parte na herança. A forma como encara a vida vai alterar-se, sentindo-se cada vez mais em harmonia com o ambiente. Umas férias "forçadas" que mudaram a sua vida para sempre...


Esta comédia romântica passada entre as vinhas em França e a cosmopolita Londres (as cenas em Piccadilly Circus são um must) deixa-nos a pensar na verdadeira importância do dinheiro: será tudo na vida!?. Diria que não... Lógico que é uma missão (quase) impossível viver sem ele, permitindo-nos comprar tudo. No entanto, há coisas e memórias da nossa vida que o dinheiro não paga, nem com a maior fortuna do mundo. Em vésperas de um MEGA Jackpot no famoso Euromilhões, multiplicam-se os sonhos e as típicas promessas de uma excentricidade utópica, cuja maioria cairá por terra já amanhã com a revelação da chave milionária.
Eis um filme que nos faz cair na realidade: devemos dar valor às coisas que, realmente, são importantes na nossa vida, cabendo a cada um de nós essa selecção...

domingo, novembro 12, 2006

Outra vez... o Verão!

Depois da chuva, o sol está de volta e até parece Verão... o famoso Verão de S. Martinho está ai! Aproveitem porque será sol de pouca dura... Afinal estamos em pleno Outono e não tarda a chuva e o frio vão voltar porque é tempo deles! (suspiro)

sábado, novembro 11, 2006

"Os Vês pelos Bês" de Rui Veloso


No meu 25º ano de vida, Rui Veloso completa 1/4 de século de carreira com o espectáculo "Os Vês pelos Bês" que quase encheu o Pavilhão Atlântico esta noite.
"O pai do rock português" surgiu em palco acompanhado da sua guitarra eléctrica, saudou a assistência e avisou que seria um espectáculo comprido, o que acabou por se confirmar com as três horas de canções. Numa carreira tão longa, uma festa de aniversário polivalente: blues e rock'n'roll para todos os gostos condimentados com pitadas de funk, ritmos latinos e música tradicional portuguesa. Não faltaram grandes sucessos como "Rapariguinha do Shopping", "Chico Fininho", "Porto Côvo", "O prometido é devido", "Porto Sentido", "Primeiro Beijo" ou "A Paixão" que recebeu a maior ovação. Só faltou mesmo "Não há estrelas no céu" e "Sei de uma camponesa", a minha preferida "Morena de Azul" e os merecidos "Parabéns a você"... Uma autêntica maratona musical que contou com a preciosa ajuda dos músicos que há muito o acompanham.
A deficiente acústica do Pavilhão Atlântico fez com que a voz do músico ecoasse e fizesse ricochete nas paredes do recinto sobretudo nos primeiros temas, mas foi-se notando um certo aperfeiçoamento da qualidade musical ao longo do espectáculo, não comprometendo o resultado final. Um dos ecrãs gigantes projectava imagens, vídeos e recortes de jornais que retratam a história do músico. Ao longo do espectáculo, juntaram-se à festa convidados especiais como Mariza, Rio Grande, Luz Casal e Jorge Vadio, um saloio genuíno. Jorge Palma, João Gil, Tim e Vitorino subiram ao palco para interpretar alguns temas como "Fisga" e "Postal dos Correios", que deixaram o público completamente rendido e a aplaudir efusivamente. De arrepiar, os dois temas em dueto de Rui Veloso e Mariza: o fabuloso "Não queiras saber de mim" e "Transparente", um casamento perfeito entre o fado e o rock. Um momento grandioso que deslumbrou o Atlântico.
Já na recta final, o músico recebeu em palco a marca da dupla platina pelo disco "Espuma das canções" e dedicou uma música ("Jura") ao público que sempre o apoiou, afirmando: «Se não fossem vocês, hoje não estaria aqui». O seu companheiro e letrista de sempre, Carlos Tê, não foi esquecido mesmo a 300 km's de distância.
Depois de dois espectáculos com casa cheia no Porto, Rui Veloso brincou com o público: «Disseram-me que o pessoal aqui em Lisboa não ia aguentar tanto tempo de espectáculo. Mas eu não acredito.» Aguentámos e aplaudimos de pé um concerto cinco estrelas de um (grande) senhor da música portuguesa... que venham mais 25 anos de grandes canções!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Uma frase #1

... do filme Dans Paris* que vale a pena partilhar e cabe a cada um tirar as suas conclusões:

"Há silêncios que são inteligentes"


* de Christophe Honoré com Romain Duris e Louis Garrel.

segunda-feira, novembro 06, 2006

MiraDANÇOU

e foi bombástico... Ou não se tratasse da maior festa de música electrónica jamais organizada em Mira de Aire com o selo da Associação Matajovem e o apoio do Instituto Português da Juventude.
O cardápio agradou a gregos e troianos com um vespertino workshop de hip hop e o conceito nocturno de "cada bar, um estilo diferente", reunindo vários estilos musicais sob um espírito único: a DANÇA. Chill Out/ Lounge, Breakbeat/NewJazz, Hip Hop e House foram os ritmos que se fizeram sentir e ouvir mira acima e mira abaixo.
A noite terminou com chave de ouro no antigo espaço da extinta disco Jazz&Blues com um "filho da terra" no comando da cabine: o DJ Mark O (Fish Night Club, Leiria / raven-records.com) e seu estilo inconfundível.


Do you wanna dance with me!?

domingo, novembro 05, 2006

Sweet November

Mais um filme de serão de domingo na RTP1 que vale a pena destacar.
Em "Sweet November" (1991), Pat O'Connor conta a história de Nelson Moss (Keanu Reeves), um workaholic cuja única relação íntima está a chegar ao fim até conhecer a charmosa Sara Denver (Charlize Theron), que traz de novo um sentimento de romantismo à sua vida. Com a sua simpatia, convence-o a passarem um mês juntos e depois separarem-se: o tempo suficiente para resolverem os seus problemas emocionais. Contudo, as circunstâncias fazem com que Nelson se apaixone cada vez mais por Sara, procurando descobrir qual é o motivo do medo do compromisso que ela tem...
Uma autêntica lição de vida em que uma paixão arrebatadora modifica a vida de um profissional excêntrico que parece ter-se esquecido do que é ser amado por alguém e que, por sua vez, também vai alterar a vida de quem o vai ajudar. No entanto, é necessário a separação de ambos para que nenhum se magoe e possa lembrar apenas os bons momentos que passaram num único mês de Novembro: "A maior prova de amor é deixar a pessoa que se ama ir para não a ver sofrer".
Uma metáfora entre o sonho e a realidade em que as lições estão nos pequenos pormenores. Ora vejamos: se não fosse a persistência de Sara em dar-se a conhecer, Nelson nunca teria reparado na pessoa fantástica que ela é. O que nos faz pensar que, sobretudo em relação ao amor, o orgulho excessivo só nos pode prejudicar. O segredo está no meio termo: dar a conhecer sem se oferecer demasiado. Nada como aproveitar a vida ao máximo e se possível com a pessoa certa mesmo que a tenhamos de ensinar a amar. Diria mais, a ideia de passar um mês com the one deve ser aproveitada todo o ano... oxalá não passasse de uma miragem!


sábado, novembro 04, 2006

Marie Antoinette


Depois de "As Virgens Suicidas" e "Lost in Translation - O Amor é um lugar estranho", Sofia Coppola regressa com mais um filme que merece a maior atenção: "Marie-Antoinette", a adaptação do livro de Antonia Fraser, "Marie-Antoinette - The Journey" sobre a mulher que se tornou rainha de França aos 19 anos quando casou com Luís XVI.
Filha do imperador austríaco Francisco I, Marie-Antoinette (Kristen Dust) saiu da Aústria com apenas 15 anos para casar com o futuro rei de França, Louis XVI (Jason Schwartzman), instalando-se na traiçoeira corte francesa. Um casamento de fachada, um jogo político que pretendia unicamente cimentar a relação entre duas nações. Uma monarca incompreendida escondida no fausto de Versalhes, uma mulher assustada e rodeada de falsos e traidores, que estava longe de ser a governante que os franceses ansiavam. A quase indiferença do seu marido, numa relação mais protocolar do que afectiva, e os rumores sobre a demorada gestação do herdeiro acentuam a sua infelicidade, levando-a a procurar refúgio na decadência da aristocracia francesa.
"Marie-Antoinette" não se trata do típico filme biográfico, nem histórico, levando-nos numa viagem introspectiva a uma das famosas figuras da história: a última rainha de França, Marie-Antoinette. Uma nova visão da sua vida e morte. O registo de Coppola distingue-se pela ousadia de retratar a figura de uma rainha mais humana, frágil e desenquadrada sem cair na tentação de mostrar o desenlace mais mediático da sua história. O desempenho de Kirsten Dust é perfeito ao possuir o rosto de menina obrigada a virar rainha, sem contudo perder o ímpeto de quem se vê subitamente espartilhada perante um meio feito de múltiplas linguagens e ironias.
Filmado em locais que habitualmente não o permitem - como o Palácio de Versalhes - este filme tem ainda a originalidade de incluir música contemporânea na sua banda sonora (The Cure, New Order, Phoenix, The Strokes, entre outros), o que é inédito em filmes de época. Destaque ainda para outros elementos decisivos para caracterizar o ambiente de França no século XVIII: o guarda-roupa e cenografia.
Outro facto a salientar é o aparecimento duns ténis All Star azuis, na cena em que Marie escolhe avidamente sapatos! Certamente que naquele tempo os All Stars não tinham muitos adeptos...
Um filme que se centra na vida ociosa de Versalhes em vésperas de Revolução Francesa, onde imperava a ostentação e opulência excessivas. Uma perspectiva moderna do universo controlado da realeza... Voilà!