Fora de casa

Junho está de partida com regresso marcado para 2010. Apesar da timidez do recém chegado Verão, têm abundado os programas fora de casa tão apetecíveis nesta época. Ora vejamos...

- brunchar junto ao Tejo num domingo que começou cinzento e acabou abafado. O "Delidelux" é um espaço multifacetado, um quatro em um: mercearia e charcutaria com um lado gourmet, um café e uma esplanada, onde apetece estar e ficar a desgustar um brunch sem olhar para o relógio. Este pequeno-almoço reforçado e almoço ligeiro é composto por sumo de laranja, croissant, duas torradas, manteiga e compotas doces e amargase sobremesa. Recomendo a opção Deli - taça de iogurte natural e cereais, com fruta e um fio de mel - em detrimento da Delux - ovos mexidos com salmão fumado, presunto ou espargos. Para rematar, é escolher entre um café, cappuccino ou chá;

- final de tarde de esplananço no "Azul Profundo" do Parque das Nações em boa companhia. Ideal para descomprimir depois de um dia de trabalho;

- sair do ritmo frenético da cidade e ouvir o silêncio que se faz sentir na Quinta em Vale dos Barris (Palmela), a casa do Teatro O Bando, e assistir a um espectáculo único e ao ar livre numa noite quente de lua nova: "O Crucificado", desenvolvido a partir de "Memórias de uma tia tonta e outros textos" de Natália Correia;

- vibrar com o musical que inspirou o filme e encantou o Pavilhão Atlântico. Duas horas cheias de ritmo e magia em que as músicas intemporais dos Abba se vão sucedendo - num total de 24 - à medida que a história se vai desenrolando: na véspera do seu casamento, uma filha em busca da identidade do seu pai, traz três homens do passado da sua mãe à pequena ilha grega que vinte anos antes tinham visitado. Ao contrário do filme, o espectáculo número um no mundo não mostra as paisagens idílicas da Grécia, nem tem Pierce Brosnan a desafinar, mas tem um público ao vivo que vibra ao reconhecer cada êxito assim que os primeiros acordes se fazem sentir.

No final, o elenco sobe ao palco vestido a rigor com uns fatos de licra cintilante, cantam e dançam "Dancing Queen", "Mamma Mia" e "Waterloo". O Atlântico não se faz rogado e corresponde à chamada... é o auge do disco-sound... "You can dance, you can jive, having the time of your life See that girl, watch that scene, dig in the dancing queen" - a minha favorita!

Deprimente*

Não há coisa mais deprimente do que um domingo à noite por ser a véspera da terrível segunda-feira e por faltarem cinco dias para a chegada de mais um fim-de-semana, que irá passar a voar... como sempre!

Contudo, esqueço tudo isto quando o senhor que se segue entra pela minha casa adentro, me leva pela mão até à linha que separa o mundo e faz a temperatura subir... (suspiro)

* mas pouco

Tonight...

... é pecado ficar em casa. Lisboa sai à rua para a noite mais longa do ano. A multidão vai deambular pelos becos e vielas de Alfama, subir ao Castelo com paragem obrigatória na Sé, ver as marchas na Avenida, encontrar malta na Bica, bailar músicas-abomináveis-cujas-letras-sabem-de-cor-e-salteado, comer a bela da sardinha (ou bifana, conforme os gostos) no pão e beber belas pomadas, que vão desde a ginginha à mine, sem esquecer a sangria ou um vinho tinto carrascão. Em cada recanto, há restaurantes improvisados, assadores e arraiais, que deliciam novos e velhos. Os gritos de guerra sucedem-se: "Viva o Santo António...", "Alfama é LINDAAA", "Olhó Manjerico", "Vai uma sardinha?", entre muitos outros.

Time to go... Lisboa espera-me! Vemo-nos por aí... algures numa rua destas, que será invadida por um mar de gente, devota de Santo António pelo menos por uma noite... Inté!

Lá vai Lisboa com a saia cor de mar

Cada bairro é um noivo que

com ela vai casar!

Lá vai Lisboa com seu arquinho e balão,

Com cantiguinhas na boca e amor no coração!

(refrão da música cantada por Amália Rodrigues com letra e música de José Galhardo e Raul Ferrão)

Comédias Pipoca

O calor começa a apertar e as estreias cinematográficas deixam de surpreender. Por vezes, aparece um ou outro filme que nos leva a considerar uma ida ao cinema, longe de ser o programa preferido em dias de sol abrasador e termómetro acima dos 30º graus.

Jack e Miri fazem um porno e És o maior, meu! (o título original I love you, man!) são as típicas comédia-pipoca, levezinhas mas não disparatadas, que dispõem bem com direito a gargalhadas pelo meio. As histórias envolvem casais apaixonados, podendo servir de inspiração ao tempo da frol que atravessamos...

Jack (Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks) são amigos de longa data e companheiros de casa, atulados em dívidas, que decidem fazer um filme pornográfico, acabando por mudar as suas vidas para sempre. Moral da história: a "tal" pessoa pode estar mais perto do que imaginamos...

Peter Klaven (Paul Rudd) fica noivo de Zooey (Rashida Jones), a mulher dos seus sonhos, mas apercebe-se que não tem nenhum amigo a quem possa pedir para ser seu padrinho de casamento. As peripécias sucedem-se ao longo dos bizarros encontros com homens até conhecer o divertido Sydney Fife (Jason Segel). Não há bela sem senão: a relação com Zooey começa a ressentir-se à medida que a ligação entre os dois se começa a desenvolver...

Vergonha nacional

Não consigo compreender aqueles que não vão votar, que jogam fora a possibilidade de se manifestarem. Contudo, não perdem uma oportunidade para dizer mal do poder.

O voto é a voz do povo, um direito pelo qual alguns lutaram, que nos permite usufruir do poder de participar ao escrever a cruzinha naqueles em que mais acreditamos ou simplesmente marcar presença. Abdicar disso é desrespeitar a própria Democracia, conquistada no mítico 25 de Abril de 1974: uma intensa luta e conquista, levada a cabo por aqueles que não aceitavam não poder usufruir deste direito. Ontem, 63% da população portuguesa deu provas da pura apatia democrática em que o país mergulhou. Gente despreocupada, cujo programa de domingo não passou pelo depósito do papel dobrado em quatro na urna.

O voto é a nossa oportunidade de manifesto. Quem não cumpriu o seu dever não tem o direito de reclamar sobre aqueles que subiram ao poleiro.

Estado de espírito*

"(...) há quem começe a viajar antes de partir e há quem continue a viagem depois de chegar (...)"

@ Fugas (30 Maio 2009)

* permanente