segunda-feira, maio 07, 2007

DÚVIDA

Sábado à noite... Teatro Maria Matos à pinha... Motivo? A peça Dúvida de John Shanley, protagonizada por Eunice Muñoz e Diogo Infante. O autor situo-a algures no Bronx, nos anos 60, centrando a sua história num miúdo afro que está presente do primeiro ao último minuto - mas que nós não vemos. A cor da pele é apenas um adereço porque a questão em dúvida é absolutamente actual: a pedofilia. E mais: saber como lidamos com o boato e o que fazemos à verdade ou ao seu pressentimento.
Eunice Muñoz encarna na perfeição a Madre Superiora, Aloysius: rabugenta, céptica, sóbria, seca e cruelmente intuitiva. É ela que constrói a suspeita, tornando-se titular de uma certeza que defende com uma frontalidade desarmante e ataca com uma malícia que choca. O padre Flynn (Diogo Infante) é compreensivo, tolerante, didáctico e desportista, com grande popularidade no rebanho. Contudo, é suspeito de assediar sexualmente uma criança de 12 anos. A Madre Superiora acusa-o e o Padre reclama a sua inocência. Será ele culpado ou inocente?
Quando cai o pano, cabe-nos elaborar sobre a moral dos fins e dos meios.
O sucesso da Dúvida deve-se a um bom texto, excelentes actores e à majestosa encenação, dotada da simplicidade que convém à dureza da discussão. É, certamente, uma boa peça para quem tenha dúvidas e uma boa maneira de conhecer a dúvida para quem tenha certezas...
Uma coisa é certa: jamais esquecerei a metáfora sobre o que é o boato. Imaginem uma almofada de penas... Se for aberta, as penas espalham-se. Em caso de arrependimento, se quiser reparar o mal produzido, terá de recolher uma a uma as penas levadas pelo vento. Impossível. Ei-lo: o boato. Irreparável...

2 comentários:

Anónimo disse...

Não tive duvida nenhuma ;)

heheheheh

anDrEIA disse...

Eu tb não... LOL