sábado, novembro 11, 2006

"Os Vês pelos Bês" de Rui Veloso


No meu 25º ano de vida, Rui Veloso completa 1/4 de século de carreira com o espectáculo "Os Vês pelos Bês" que quase encheu o Pavilhão Atlântico esta noite.
"O pai do rock português" surgiu em palco acompanhado da sua guitarra eléctrica, saudou a assistência e avisou que seria um espectáculo comprido, o que acabou por se confirmar com as três horas de canções. Numa carreira tão longa, uma festa de aniversário polivalente: blues e rock'n'roll para todos os gostos condimentados com pitadas de funk, ritmos latinos e música tradicional portuguesa. Não faltaram grandes sucessos como "Rapariguinha do Shopping", "Chico Fininho", "Porto Côvo", "O prometido é devido", "Porto Sentido", "Primeiro Beijo" ou "A Paixão" que recebeu a maior ovação. Só faltou mesmo "Não há estrelas no céu" e "Sei de uma camponesa", a minha preferida "Morena de Azul" e os merecidos "Parabéns a você"... Uma autêntica maratona musical que contou com a preciosa ajuda dos músicos que há muito o acompanham.
A deficiente acústica do Pavilhão Atlântico fez com que a voz do músico ecoasse e fizesse ricochete nas paredes do recinto sobretudo nos primeiros temas, mas foi-se notando um certo aperfeiçoamento da qualidade musical ao longo do espectáculo, não comprometendo o resultado final. Um dos ecrãs gigantes projectava imagens, vídeos e recortes de jornais que retratam a história do músico. Ao longo do espectáculo, juntaram-se à festa convidados especiais como Mariza, Rio Grande, Luz Casal e Jorge Vadio, um saloio genuíno. Jorge Palma, João Gil, Tim e Vitorino subiram ao palco para interpretar alguns temas como "Fisga" e "Postal dos Correios", que deixaram o público completamente rendido e a aplaudir efusivamente. De arrepiar, os dois temas em dueto de Rui Veloso e Mariza: o fabuloso "Não queiras saber de mim" e "Transparente", um casamento perfeito entre o fado e o rock. Um momento grandioso que deslumbrou o Atlântico.
Já na recta final, o músico recebeu em palco a marca da dupla platina pelo disco "Espuma das canções" e dedicou uma música ("Jura") ao público que sempre o apoiou, afirmando: «Se não fossem vocês, hoje não estaria aqui». O seu companheiro e letrista de sempre, Carlos Tê, não foi esquecido mesmo a 300 km's de distância.
Depois de dois espectáculos com casa cheia no Porto, Rui Veloso brincou com o público: «Disseram-me que o pessoal aqui em Lisboa não ia aguentar tanto tempo de espectáculo. Mas eu não acredito.» Aguentámos e aplaudimos de pé um concerto cinco estrelas de um (grande) senhor da música portuguesa... que venham mais 25 anos de grandes canções!

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