sábado, novembro 04, 2006

Marie Antoinette


Depois de "As Virgens Suicidas" e "Lost in Translation - O Amor é um lugar estranho", Sofia Coppola regressa com mais um filme que merece a maior atenção: "Marie-Antoinette", a adaptação do livro de Antonia Fraser, "Marie-Antoinette - The Journey" sobre a mulher que se tornou rainha de França aos 19 anos quando casou com Luís XVI.
Filha do imperador austríaco Francisco I, Marie-Antoinette (Kristen Dust) saiu da Aústria com apenas 15 anos para casar com o futuro rei de França, Louis XVI (Jason Schwartzman), instalando-se na traiçoeira corte francesa. Um casamento de fachada, um jogo político que pretendia unicamente cimentar a relação entre duas nações. Uma monarca incompreendida escondida no fausto de Versalhes, uma mulher assustada e rodeada de falsos e traidores, que estava longe de ser a governante que os franceses ansiavam. A quase indiferença do seu marido, numa relação mais protocolar do que afectiva, e os rumores sobre a demorada gestação do herdeiro acentuam a sua infelicidade, levando-a a procurar refúgio na decadência da aristocracia francesa.
"Marie-Antoinette" não se trata do típico filme biográfico, nem histórico, levando-nos numa viagem introspectiva a uma das famosas figuras da história: a última rainha de França, Marie-Antoinette. Uma nova visão da sua vida e morte. O registo de Coppola distingue-se pela ousadia de retratar a figura de uma rainha mais humana, frágil e desenquadrada sem cair na tentação de mostrar o desenlace mais mediático da sua história. O desempenho de Kirsten Dust é perfeito ao possuir o rosto de menina obrigada a virar rainha, sem contudo perder o ímpeto de quem se vê subitamente espartilhada perante um meio feito de múltiplas linguagens e ironias.
Filmado em locais que habitualmente não o permitem - como o Palácio de Versalhes - este filme tem ainda a originalidade de incluir música contemporânea na sua banda sonora (The Cure, New Order, Phoenix, The Strokes, entre outros), o que é inédito em filmes de época. Destaque ainda para outros elementos decisivos para caracterizar o ambiente de França no século XVIII: o guarda-roupa e cenografia.
Outro facto a salientar é o aparecimento duns ténis All Star azuis, na cena em que Marie escolhe avidamente sapatos! Certamente que naquele tempo os All Stars não tinham muitos adeptos...
Um filme que se centra na vida ociosa de Versalhes em vésperas de Revolução Francesa, onde imperava a ostentação e opulência excessivas. Uma perspectiva moderna do universo controlado da realeza... Voilà!


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