Diz-me um amigo, escritor de idade provecta e vasta experiência sexual, entre dois sorrisos malandros: «Nunca me deitei com uma mulher feia, mas já acordei com alguns monstros na minha cama».
O dia seguinte pode ser de tal forma traumatizante que a maior parte dos homens foge sempre dele, antevendo o incómodo que este representa. De facto, por mais estranho que pareça, é muito mais fácil uma pessoa deitar-se com um desconhecido do que acordar ao lado do mesmo. No calor da noite, depois de uma, duas ou três horas de conversa, a ilusão de intimidade não é assim tão difícil de criar. Além disso, o sábio ditado ‘à noite todos os gatos são pardos’, é muitas vezes equivalente a ‘à noite quase todas as mulheres são desejáveis’.
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Na noite há muita gente, mas poucas pessoas que valham mais de dois minutos de conversa, embora, em bom rigor, quem sai à noite para caçar só converse com a presa enquanto for preciso. Uma vez consumado o acto de forma mecânica e muitas vezes atabalhoada, pouco fica para dizer a seguir, muito menos depois de poucas horas de sono ensombradas por ressacas coroadas de arrependimento.
Antevendo o caos instalado do dia seguinte, muitas vezes vale mais a abstenção. Os encontrões são só para quem gosta de andar de carrinhos de choque.
Margarida Rebelo Pinto, roubado
daqui A sua escrita pode ser light, mas estas palavras encaixam na perfeição numa realidade nua e crua... Aposto que fazem todo o sentido para os amantes das lides nocturnas seja na movida lisboeta, madrilena ou por esse mundo fora!
Aos morcegos deste blog, não se deixem inibriar pelo barulho das luzes das discotecas da moda e evitem overdoses de Martinis ou outro néctar dos deuses do vosso agrado. A noite termina quando o sol nasce e à luz do dia o lusco fusco nocturno pode deixar, por vezes, de fazer sentido. O dia seguinte pode ser traumatizante e angustiante com mais lágrimas do que sorrisos. Lembrem-se que há sempre um dia depois de amanhã... e nada como continuar a viver e fazer com que cada dia conte!